05 julho, 2015

Em 1º discurso como Papa emérito, Bento XVI fala sobre música


(CN) Neste sábado, 4, pela primeira vez desde que se tornou Papa emérito, em 28 de fevereiro de 2013, a voz de Bento XVI voltou a ser registrada oficialmente.

Bento XVI agradeceu, na Residência Pontifícia de Castel Gandolfo, ao Cardeal-arcebispo de Cracóvia, Dom Stanisław Dziwisz, que lhe conferiu dois títulos de doutorado “honoris Causa” em nome dos reitores da Academia Musical de Cracóvia e da Pontifícia Universidade João Paulo II, instituída por Bento XVI em 19 de junho de 2009.

Esta representação, disse o Cardeal Dziwisz, “representa a gratidão destas duas instituições pela grande estima que Bento XVI sempre nutriu para com São João Paulo II. Em segundo lugar, pelo seu serviço Pontifício e pela grande herança da sua doutrina e benevolência”.


Papa emérito lembra São João Paulo II

Por sua vez, o Papa emérito expressou seu vivo apreço e reconhecimento pela Condecoração a ele conferida, que reforça sua profunda ligação com a Polônia, pátria do grande Santo João Paulo II, do qual foi íntimo por longos anos de colaboração.

“Sem ele, o meu caminho espiritual e teológico nem pode ser imaginado. Com o seu exemplo vivo, ele nos ensinou que a alegria da grande música sacra pode caminhar de mãos dadas com a participação comum da sacra liturgia, como também a alegria solene e a simplicidade da humilde celebração da fé”.

A música para Bento XVI

Bento XVI perguntou: “O que é, enfim, a música? De onde provém e para onde leva?” E respondeu focalizando três fontes da música: a experiência do amor, a experiência da tristeza e o encontro com o divino. A poesia, o canto e a música nasceram da dimensão do amor, de uma nova dimensão da vida e de um toque amoroso de Deus.

E acrescentou: “A qualidade da música depende da pureza e da grandeza do encontro com o divino, com a experiência do amor e da dor. Quanto mais esta experiência for pura e verdadeira, tanto mais pura e grande será a música, que dela nasce e se desenvolve”.

O Papa emérito falou também de sua experiência pessoal, afirmando que “no âmbito das culturas e das religiões mais diferentes encontramos uma grande arquitetura, pinturas e esculturas, mas também uma grande música. Contudo, em nenhum outro âmbito cultural há uma grandeza musical que possa se comparada com aquela nascida no âmbito da fé.”

Música e Igreja

Bento XVI explicou que a música ocidental é única e incomparável com outras culturas, e apresentou como exemplo, Bach, Händel, Mozart, Beethoven, Bruckner.

“A música ocidental supera sobremaneira o âmbito religioso e eclesial. Todavia, ela encontra a sua fonte mais profunda na liturgia e no encontro com Deus. A resposta da grande e pura música ocidental desenvolveu-se no encontro com Deus, que, na liturgia, se torna presente em Jesus Cristo”.

Bento XVI concluiu seu pronunciamento dizendo que as duas universidades, que lhe conferiram este doutorado “honoris causa” representa uma contribuição essencial, para que o grande dom da música, que provém da tradição da fé, não se dissipe.

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