Beata Tereza de Calcutá e São João Paulo II |
Não lembro de ter falado em primeira pessoa muitas vezes
aqui no Sim, sou Católico, mas hoje senti necessidade de fazê-lo para melhor me
expressar.
Nesta quinta-feira, 09, fui assistir o Jornal da Band, pois
queria acompanhar como estava repercutindo a notícia sobre o presente com o
símbolo do comunismo que o presidente boliviano, Evo Morales, deu ao Papa
Francisco. Após o jornal exibir esta notícia, deu continuidade a uma série
intitulada “A Igreja de Francisco”. Confesso que não sabia desta série e foi a
primeira vez que a assisti, mas a experiência não foi muito boa, ao menos neste
episódio. Surtiu como uma provocação e ataque à Igreja (e convenhamos, a mídia
constantemente faz isso). A discussão da reportagem foi em torno da posição da
mulher dentro da Igreja Católica.
De início, a reportagem não apontou logo de cara a sua real
intenção, mas ao desenrolar da história ficou claro que a posição que seria
questionada era: a mulher não tem papel de destaque na Igreja, não podem
receber o sacramento da Ordem e nem executam grandes funções. O ataque parece
começar a se configurar neste momento e os convidados para a matéria foram o
teólogo e ex-padre Fernando Altemeyer, um cientista religioso e a socióloga Regina
Soares Jurkewicz. O que eles têm em comum: contrariedade à Igreja.
Iniciando, Fernando Altemeyer afirmou que “Jesus não tinha
medo das mulheres”, ao contrário, Ele integrava as mesmas. Ora, a Igreja também não
integra as pessoas? Mulieris Dignitatem, Carta Apostólica de João Paulo II, não
deixa claro isso? Vou deixar um trecho bem curto encontrado na introdução
destes escritos tão ricos: “as
mulheres iluminadas do espírito do Evangelho tanto podem ajudar para que a
humanidade não decaia”. Um papel importantíssimo citado por um Papa que
hoje é um Santo.
A reportagem seguiu a linha e foi procurar justificativas para
a ordenação de mulheres. Partiram para a Bíblia e foram questionar a passagem
de Romanos 16, 7. Neste versículo, São
Paulo diz: “Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão,
os quais são muito estimados entre os apóstolos e se tornaram discípulos de
Cristo antes de mim”. Em torno do nome Júnias, circula certa briga por causa de
erros de acentuação da língua grega da época. Quando escritos, não se fazia uso
de acentuação. Logo a discussão, que hoje é de contexto raro, encontra-se nas
formas a seguir: Ἰουνίαν, com acento
agudo na penúltima sílaba indicaria feminino (Júnia); Ἰουνιᾶν, com o acento circunflexo na última
sílaba indicaria masculino (Júnias). Para ter uma palavra que não seja a minha
(um leigo), faço a citação de um escrito da Congregação para a Doutrina da Fé,
em 10 de julho de 2002, onde se explica que:
Já no tempo de São Paulo, há uma recomendação sobre uma diaconisa, Santa Febe – que não se deve confundir com a ordem dos diáconos, e sim entender como um ministério leigo exercido por piedosas mulheres. “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cêncris, para que a recebais no Senhor, dum modo digno dos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que vós venha a precisar; porque ela tem ajudado a muitos e a mim também.” (Rm 15,1-2) Outras são as mulheres de destaque no Novo Testamento, que, desde os tempos apostólicos, desempenharem papéis importantíssimos e exclusivos. “Saudai aos irmãos de Laodicéia, como também a Ninfas e a igreja que está em sua casa.” (Cl 4,15) O Apóstolo segue nomeando seus colaboradores, dentre os quais vemos muitas mulheres: “Saudai Prisca e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus; pela minha vida eles expuseram as suas cabeças. E isso lhes agradeço, não só eu, mas também todas as igrejas dos gentios. Saudai também a comunidade que se reúne em sua casa. Saudai o meu querido EpEneto, que foi as primícias da Ásia para Cristo. Saudai Maria, que muito trabalhou para vós. Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os quais são muito estimados entre os apóstolos e se tornaram discípulos de Cristo antes de mim. Saudai Ampliato, amicíssimo meu no Senhor. Saudai Urbano, nosso colaborador em Cristo Jesus, e o meu amigo Estáquis. Saudai Apeles, provado em Cristo. Saudai aqueles que são da casa de Aristóbulo. Saudai Herodião, meu parente. Saudai os que são da família de Narciso, que estão no Senhor. Saudai Trifena e Trifosa., que trabalham para o Senhor. Saudai a estimada Pérside, que muito trabalhou para o Senhor. Saudai Rufo, escolhido no Senhor, e sua mãe, que considero como minha. Saudai Asíncrito, Flegonte, Hermes, Pátrobas, Hermas e os irmãos que estão com eles. Saudai Filólogo e Júlia, Nereu e sua irmã, Olímpio e todos os irmãos que estão com eles. Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.” (Rm 15,3-16)
Durante a reportagem, afirma-se que as mulheres não têm
posição de protagonismo dentro da Igreja. Ora, o grande protagonista deve ser o
Cristo. Mas tive a moção de ir ao encontro de algumas mulheres e dirigir-lhes apenas
duas perguntas, que são: na sua opinião, você tem um papel importante dentro da
Igreja? O que você acha sobre a ordenação de mulheres? Obtive respostas bem
parecidas para as duas perguntas, onde elas reprovavam a ordenação de mulheres
e afirmam que, enquanto se configurarem à Maria, que agia em humildade, no
silêncio (Lc 2, 19), sempre terão um papel fundamental.
Mulheres ordenadas? Ainda em uma parte da reportagem, um
cientista da religião informa que a Igreja Católica já teve mulheres ordenadas.
Sim, de fato isso aconteceu e, para apontar uma data bem recente que possa servir de exemplo, há o episódio
ocorrido em 2002 quando o bispo Romulo Antonio Braschi ordenou sete mulheres às
margens do rio Danúbio. Sabe o que aconteceu depois do ato? O bispo e as
mulheres “ordenadas” foram excomungados de acordo com a prescrição do cânone
1378 do Código de Direito Canônico, onde é exposto que “seja aquele que tenha
tentado conferir a ordem sagrada a uma mulher, seja a própria mulher que tenha
tentado receber a ordem sagrada, incorrem na excomunhão latae sententiae
reservada à Sé Apostólica”.
Ainda sobre a ordenação de mulheres, em maio de 1994 João
Paulo II ensinou aos católicos de modo infalível na Carta Apostólica Ordinatio
Sacerdotalis sobre o assunto e esclareceu que:
"Seja excluída qualquer dúvida em assunto da máxima importância, que pertence à própria constituição divina da Igreja, em virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cfr Lc 22,32), declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja” (OS, n. 4).
“O Papa ainda não reconhece o trajeto já feito pelas
teólogas feministas”, é a declaração socióloga Regina Soares Jurkewicz durante
a entrevista. Não posso entrar no termo Teologia Feminista, pois ainda não li
muito sobre o assunto. Entretanto, destaco que em muitos escritos ela aparece com
grande afinidade com a Teologia da Libertação (salvo engano) e, para variar, a
socióloga citada é coordenadora da ONG Católicas pelo Direito de Decidir. Para
refrescar a memória e ajudar na identificação, são contra a doutrina da Igreja muitos
dos pronunciamentos desta ONG que prega, dentre outras coisas, uso de métodos
anticonceptivos, o aborto e distorcido o ensinamento católico sobre o respeito
e a proteção devidos à vida do nascituro indefeso.
Regina ainda diz que não há “nenhuma razão teológica para
que as mulheres não possam ser sacerdotisas”. Questiono o seguinte: o padre age
in persona Christi e é Alter Christi. Como uma mulher vai assumir tal situação
(agir na pessoa de Cristo e ser Outro Cristo)? Das duas uma, ou não dá para
fazê-lo ou se muda a figura de Cristo.
Admito não ser nenhum teólogo ou doutor. Também afirmo não
possuir mestrado em nenhuma área. As considerações que fiz foram baseadas
naquilo que da Igreja recebi e na fé que professo. Muitos dos temas apontados
na reportagem já tiveram o pronunciamento e posicionamento da Igreja, mas de
tempos em tempos a chama é reacesa para tentar gerar polêmica e confusão. Na
verdade o que precisamos mesmo é de oração, vigília e atenção. Precisamos ser sóbrios
e vigilantes, pois o nosso adversário rodeia como um leão a rugir e devemos
resistir estando firmes na fé (cf. 1Pe 5, 8).
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