Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus, a Igreja exprime a sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base do seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e as ciências, e também com os descrentes e os ateus.
Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, muito especialmente o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus. Daí que possamos falar de Deus a partir das perfeições das suas criaturas: “porque a grandeza e a beleza das criaturas conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor” (Sb 13, 5).
Deus transcende toda a criatura. Devemos, portanto, purificar incessantemente a nossa linguagem no que ela tem de limitado, de ilusório, de imperfeito, para não confundir o Deus “inefável, incompreensível, invisível, impalpável” com as nossas representações humanas. As nossas palavras humanas ficam sempre aquém do mistério de Deus.
Ao falar assim de Deus, a nossa linguagem exprime-se, evidentemente, de modo humano. Mas atinge realmente o próprio Deus, sem todavia poder exprimi-lo na sua infinita simplicidade. Devemos lembrar-nos de que, “entre o Criador e a criatura, não é possível notar uma semelhança sem que a dissemelhança seja ainda maior”, e de que “não nos é possível apreender de Deus o que Ele é, senão apenas o que Ele não é, e como se situam os outros seres em relação a Ele”.
Catecismo da Igreja Católica, 39-43
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