04 maio, 2018

[EXCLUSIVO] Neto do autor da coroa original de Nossa Senhora de Fátima fala sobre seu avô



Ao olhar para a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, no Santuário a ela dedicado, em Portugal, é possível perceber que ela sustenta uma bela coroa, com várias joias e com a bala que atingiu São João Paulo II durante um atentado, em 1981, incrustado nela.

Recentemente, o blog Sim, sou Católico conseguiu entrar em contato com Miguel Ponce Dentinho, que é neto de Virgílio Barbosa Leão - autor do desenho da coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima.



Durante o contato, Miguel enviou um relato que aconteceu com ele em uma visita ao Brasil. Na ocasião, ele conta que ao participar de uma Missa no Rio de Janeiro teve a oportunidade de contar um pouco da história da coroa que seu avô desenhou para Nossa Senhora de Fátima.

Confira abaixo a íntegra do relato enviado por Miguel Ponce Dentinho com exclusividade ao blog Sim, sou Católico.

Relato do neto do ourives que desenhou a coroa de Nossa Senhora de Fátima


Chegado ao Rio de Janeiro, vindo de Portugal, em um domingo, dia 6 de maio, preparava-me para ir à praia. Nisto, passo pela porta de uma Igreja e ouço tambores e jovens a sambar. Até o padre sambava. Como europeu achei estranho e perguntei a uma senhora que assistia ao "espetáculo" se se tratava de um local de culto da IURD (nota do blog: sigla utilizada por Miguel para Igreja Universal do Reino de Deus). Respondeu-me então com um ar ofendido que não, que era uma Igreja católica. Lá entrei e o padre falou tanto para mim durante a homilia que as lágrimas começaram a correr com tanta naturalidade que pouco me importou a frase feita, de que um homem não chora. Claro que chora.

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Saí de lá tão cheio de Deus que voltei no domingo seguinte, dia 13 de maio. Missa às 10h30 na Igreja da Ressurreição, no Arpoador. Tinha batismo, crianças a gritar e a correr e o Dia das Mães. Fui empurrado, pisado, e cresceu em mim uma raiva tal que só me apetecia bater nas crianças irrequietas. Resolvi, ao fim de meia hora abandonar a Igreja. O espírito e desânimo eram visíveis ao descer as escadas. Nisto, uma senhora que também abandonava o local perguntou se estava incomodado, ao que respondi que estava incomodadíssimo. Perguntou o que ia fazer e respondi com voz irritada que iria para casa, nem à praia me apetecia ir. Ao ouvir isto, perguntou se não queria ir com ela à Igreja de Nossa Senhora da Paz.

Fui a seu lado os dois quarteirões que separam as duas Igrejas, sem falarmos um com o outro. Quando entramos, a senhora virou à direita e eu ali fiquei no corredor central, procurando com os olhos um lugar para me sentar. Nisto um bispo que celebrava a Missa fez sinal de que tinha lugar na primeira fila. Ainda olhei para trás, pois pensei que o sinal era dirigido para outra pessoa. Como não havia ninguém atrás de mim, avancei, de camiseta, bermuda, chinelo Havaianas e mochila. Preferia um lugar mais discreto, mas chamavam-me para a primeira fila.



Começou a Missa celebrada pelo bispo, que na homilia referiu que mais importante que ser Dia das Mães, era dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima. O bispo também recordou que a bala que tinha atingido o Papa João Paulo II, no dia 13 de maio de 1980, se encontrava colocada na coroa da imagem, graças às mãos hábeis do ourives que a tinha desenhado. Ao ouvir isso, sorri e o celebrante olhou para mim e perguntou se conhecia a história. Assenti com a cabeça e convidou-me a contar a história, passando-me o microfone.

Comecei por dizer que era neto do ourives que em 1946 tinha desenhado a coroa de Nossa Senhora de Fátima, que tinha sido oferecida pelas mulheres portuguesas em agradecimento a Nossa Senhora por ter intercedido junto de Deus para que Portugal não entrasse na Segunda Guerra Mundial.

Contei que o Papa tinha sido alvejado a 13 de maio de 1980 e que quando fez um ano do sucedido, quis estar em Fátima e agradecer a Nossa Senhora por tê-lo salvo e oferecer o terço com que sempre rezava.

Durante o almoço, retirou do bolso uma bala e disse ao reitor do Santuário que gostaria que a mesma fosse colocada na coroa. O reitor pediu para lhe trazerem a coroa, pois tinha a esperança que o Papa ao vê-la de perto desistisse. Ficou atrapalhado porque, por um lado, era um pedido do Papa, mas por outro ficava tão feio...

Nisto, quando virou a coroa, descobriu que o meu avô tinha deixado um orifício na bola com turquesas incrustadas que representa o mundo. Exatamente os 9mm da bala que o Papa João Paulo II fazia questão de aí colocar.

Dito isto, sentei-me a pensar que tinha sido preciso atravessar o Atlântico, ser pisado e empurrado, mudar de Igreja, para ouvir falar desse meu avô de que tanto gostava e com quem tanto aprendi.




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