- Presépio no Santuário de Fátima. Foto: Recorte de imagem/Santuário de Fátima - |
A reitoria do Santuário de Fátima, em Portugal, encomendou um presépio com três peças que está gerando impressões não muito agradáveis junto aos fiéis devido à falta de beleza das figuras deveriam remontar a Sagrada Família de Nazaré.
O site do Santuário também destaca que o autor da obra, Paulo Neves, "trabalha a figura humana a partir da valorização da forma arcaica que a arte dos inícios do século XX veio enaltecer (cf. movimentos estéticos como o Cubismo), sobretudo a partir do conceito de máscara que surge esculpida a partir da sinuosidade das linhas que o tronco, como matéria prima, dita na hora de sulcar e talhar o lenho".
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O escultor Paulo Neves recebeu, entre outros, o Prêmio Águas do Minho e Lima, XIII Bienal de Cerveira; Prêmio aquisição XIV Bienal de Cerveira, Fundação Eugênio de Almeida; o primeiro prêmio concurso para monumento ao Magriço, promovido pela Câmara Municipal de Penedono, em 2000.
Presépio no Santuário de Fátima. Foto: Santuário de Fátima |
Quem tem muitos prêmios sabe fazer arte sacra?
Pode ser que sim, mas não quer dizer que todo artista premiado faça artes sacras. De forma específica, no caso do presépio do Santuário de Fátima não parece ser uma obra de arte sacra (e se não é arte sacra nem deveria estar ali), apesar do artista ter várias premiações.
A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium afirma, em seu número 122, toda arte sacra tende, "por natureza, a exprimir de algum modo, nas obras saídas das mãos do homem, a infinita beleza de Deus, e estarão mais orientadas para o louvor e glória de Deus se não tiverem outro fim senão o de conduzir piamente e o mais eficazmente possível, através das suas obras, o espírito do homem até Deus".
Com as duas citações acima, pode-se concluir que uma obra de arte sacra deve levar o fiel a rezar e, deste modo, se aproximar mais de Deus por meio da contemplação da beleza daquela arte. O presépio do Santuário de Fátima exprime, "a infinita beleza de Deus" ou o gosto pessoal do artista? Parece (e não só a nós) que a resposta é a segunda opção.
"A beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro. Por isso, a beleza das coisas criadas não pode saciar, e suscita aquela arcana saudade de Deus que um enamorado do belo, como S. Agostinho, soube interpretar com expressões incomparáveis: 'Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!'", disse São João Paulo II na Carta aos Artistas.
Para ser sacra a arte tem de ser bela, do contrário não terá função nenhuma na Igreja, visto que não cumprirá o seu aquele que deveria ser o seu principal objetivo: levar à oração.
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