Foto: Província Franciscana Imaculada Conceição do Brasil |
O sacerdote franciscano e liturgista brasileiro, Frei Alberto Beckhäuser, faleceu aos 81 anos na noite de terça-feira (28 de março de 2017), em Petrópolis (RJ), diagnosticado com câncer no pâncreas.
O sacerdote era apaixonado pela liturgia, tendo dedicado à ela, grande parte do seu apostolado. Frei Alberto também ajudou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na revisão e publicação atualizada de todos os Livros litúrgicos com a inserção dos textos bíblicos aprovados por Roma para uso litúrgico.
Saiba um pouco mais da caminhada de Frei Alberto Beckhäuser lendo abaixo um trecho da sua ficha autobiográfica, atualizada em 2014.
Os estudos em Roma despertaram em mim a inclinação para a pesquisa e transmissão de uma compreensão teológica da Liturgia e sua espiritualidade, com interesse pastoral. Interessam-me questões como a natureza da participação ativa e frutuosa, a linguagem mítica, simbólica dos mistérios celebrados.
Hoje leciono Liturgia no nosso Instituto Teológico, em Petrópolis, no Seminário Diocesano de Petrópolis, no Pós-graduação de Liturgia em São Paulo. Fui convidado neste ano para dar Curso de Liturgia no ITEPAL, em Bogotá, na Colômbia e recebi convite para lecionar Liturgia na PUC do Rio a partir de 2002.
São 35 anos de magistério, e de animação da vida litúrgica, enfrentando os altos e baixos da reforma e da renovação litúrgicas desejadas pelo Concílio Vaticano II e promovidas a partir dele.
Não foi fácil. Quando estudava Liturgia em Roma, os Rituais antigos praticamente tinham caído em desuso. Os novos ainda não tinham surgido. Importava pesquisar as fontes bíblicas, patrísticas e litúrgicas. Daí a insistência no aspecto teológico da Liturgia.
Para conciliar Liturgia e religiosidade/piedade popular surgiram pesquisas sobre devoções populares, particularmente sobre o fenômeno dos Santuários. Da preocupação teológica e espiritual da Liturgia surgiu a dezena de livros sobre a matéria e numerosos artigos, (cerca de 70) nas revistas, sobretudo na REB e no Grande Sinal. Quanto aos Santuários, participei do Primeiro Congresso Mundial da Pastoral dos Santuários em Roma e do Primeiro Congresso Latino-americano da Pastoral dos Santuários em Quito, no Equador. Assessorei vários Encontros de Pastoral dos Santuários no Brasil. Quando Reitor “virtual” do Santuário de Santo Antônio do Rio de Janeiro, escrevi o livro “Santo Antônio através de suas Imagens”, onde trato da questão do culto dos santos e do sentido dos Santuários.
Outra atividade a que a obediência me levou foi a assistência à OFS. Desde 1967 acompanhei todo o processo de renovação da OFS até hoje, na assistência de Fraternidades em nível local, Regional e Nacional.
Outra área que gostaria de lembrar é a colaboração com a CNBB na Tradução e Edição dos Livros Litúrgicos, que considero um apostolado oculto que, ainda hoje, me toma mais da metade do tempo. Colaborei na tradução de todos os Livros Litúrgicos. A partir de 1991, quando deixei a assessoria da CNBB, foi-me confiada a Coordenação da Tradução e Edição dos Textos e Livros Litúrgicos. Tratava-se da revisão e publicação atualizada de todos os Livros litúrgicos com a inserção dos textos bíblicos aprovados por Roma para uso litúrgico.
Acrescento a este trabalho a tradução e acompanhamento de sua diagramação e edição dos Suplementos Franciscanos do Missal Romano e da Liturgia das Horas e os Rituais de Profissão religiosa franciscana.
Outras atividades que me deram muita alegria: Cursos e Encontros de Liturgia para o Clero, Religiosos, Religiosas e Leigos; pregação de retiros; assistência a religiosas, acompanhando noviciados, particularmente, de Congregações Franciscanas. Assessorias diversas no campo da Liturgia à CNBB, mesmo depois dos anos de Assessoria em Brasília, sobre questões como Pastoral dos Santuários, Missas por e de Televisão, o uso de Folhetos na Missa.
O exercício do ministério ordenado. A chama missionária da origem de minha vocação sempre me acompanhou. Mas até hoje não tive a satisfação de participar de uma Missão popular. O desejo da missão de certa maneira se realizou no exercício de Secretário da Evangelização missionária por seis anos e na permanência de dois meses em nossa missão de Angola.
A obediência levou-me a priorizar o apostolado de Frade Menor, no serviço à Ordem e à Igreja, no campo do magistério e da Pastoral litúrgica, da formação, e da assistência à OFS.
Compreendi esse serviço como ação multiplicadora de agentes de pastoral, de missionários. O pastoreio direto ficou em segundo plano. O serviço do ministério ordenado restringiu-se a colaborar nas celebrações nas Fraternidades onde passei, no ministério da Penitência e na animação das celebrações junto aos Grupos a que servi pelo Brasil a fora. Além disso, procurei exercer com entusiasmo o apostolado da comunicação escrita. Procuro ver como apostolado oculto mesmo a colaboração na tradução, montagem e publicação dos livros litúrgicos, o que exige, ao menos de mim, muita disciplina e ascese".
Adaptação da Ficha autobiográfica de Frei Alberto Beckhäuser, contida no site da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil
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